Saturday, March 17, 2012

Mesa 5 do FLM

18h53: Fim da sessão. Segue-se a cerimónia de enceramento.

18h52: Moderador: Há de facto um baú de livros que um escritor tem dentro de si. O importante não é tanto a originalidade, mas que não se deixe de escrever.

18h49: José Mário Silva: Isso tem a ver com três palavras: direitos de autor. David Shields diz que esse é um conceito que já não faz muito sentido, porque a criação absorve tudo.

18h47: O editor, no século XVII, é que às vezes atribuía poemas a Camões para garantir que eram mais lidos. Durante muitos séculos, o texto foi mais importante que o nome.

18h45: Fernando Pinto do Amaral: Por que razão se dá tanta importância à originalidade? É uma ideia que vem do Romantismo e tem a ver com o nome. Camões usava modelos clássicos e não se importava com isso. Ler e publicar os textos era o que interessava.

18h44: Karla Suárez: Mesmo em histórias que já conhecemos abrem-se janelas para outros universos.

18h42: José Manuel Fajardo lembra uma frase da Bíblia: Não há nada de novo debaixo do Sol. Mas não haverá mesmo nada de novo? Voltar uma e outra vez ao mesmos temos não será uma originalidade?

18h40: Momento de perguntas e respostas. Graça Alves diz: o que interessa é que o que lemos continue a criar emoções.

18h39: Por isso, originalidade é levar o leitor a sentir que está a ler uma coisa nova.

18h39: E também os clássicos foram influenciados por outros clássicos.

18h38: Os clássicos não são clássicos porque escreveram uma coisa diferente, mas porque escreveram de uma maneira diferente. Pegaram numa ideia, por mais pequena que fosse, e converteram-na numa história universal.

18h37: Foi um momento muito duro, porque depois encontrei outros autores nos meus livros.

18h35: O tempo passou. Cresci. Continuei a ler e a escrever. E fui viver para Paris. Decidi aprender francês. Mas pensei também que é mais fácil ler livros que já tinha lido. Foi um grande erro. Porque comecei a reler Albert Camus, porque apercebi-me que muito do que escrevia era influenciado por Camus.

18h34: E com isso escrevi muitos contos. Mas quando dava a ler alguém, sempre me diziam que se via muito a influência de Cortazar. Apesar de morto, disse-lhe que temos de cortar a nossa relação. Queria encontrar a minha voz.

18h33: E nessas leitura conheci um autor, Juio Cortázar, que passou a ser o homem da minha vida. Apaixonei-me.

18h32: Quando era pequena não gostava de ler. Mas gostava muito de escrever. Tinha uma grande imaginação. Até que um dia comecei a ler.

18h31: É bom ver a sala cheia. E se os políticos não apostam na cultura é porque com elas as pessoas não são manipuláveis.

18h30: Intervenção de Karla Suárez.

18h29: Uma última citação, sem preocupação de saber de quem é: "Quando não temos certezas quer dizer que continuamos vivos".

18h28: Esta é a ideia que mais me interessa. Porque um dos factores que fez o sucesso do romance foi a possibilidade de ter tudo lá dentro.

18h27: Lê: "Os livros que mais me interessam estão na fronteira de géneros".

18h23: Neste livro, ele reúne excertos seus e de outros autores, sem referir quem é o autor, pondo em causa a ideia de originalidade.

18h21: Leitura e comentário do ensaio de David Shields, Reality Hunger: A Manifesto, segundo o qual a literatura é muito conservadora, segue os mesmos conceitos da literatura do século XIX.

18h20: Somos originais se não nos preocuparmos em tentar ser originais.

18h18: Saul Bellow dizia que o importante é o estilo. Porque há muito poucas intrigas. Alguém perde alguma coisa e encontra-a. Duas pessoas apaixonam-se. Algum inicia uma investigação para descobrir a verdade de um assunto.

18h17: Não sei se tudo foi feito. Continuamos encontrar autores que nos surpreendem. Mas de facto muito foi feito. Mas esta é uma ideia que não nos deve inquietar, antes estimular.

18h15: Foi o que tentei fazer no meu primeiro livro de Poemas, Nuvens e Labirintos, em que tentei imaginar mitos clássicos no final do século XX. Nada muito original. Original só no sentido em que fui eu que o fiz, com a minha sensibilidade.

18h14: O Homero escreveu sobre tudo, mas não viveu na nossa época. E cabe-nos actualizar os mesmos temas.

18h13: Mas olho para estas arcas que estão no palco e penso que elas carregam os livros que todos os escritores já leram. Sem essa leitura não há escritores.

18h12: Devíamos inverter os dados da mesa. Só quando não sabemos é que estamos a ser originais.

18h11: Agradecimentos. Estes temas, como acontece nas Correntes d'Escritas, são para baralhar e provocar.

18h11: A palavra passa para José Mário Silva.

18h08: A nossa originalidade, para nós Madeirense, está na forma de trazer para a escrita a água que nos rodeia. Deste mar que nos beija.

18h06: O livro que escrevi O Meu Simão naquela tarde não teria sido nada sem Fazes-me Falta de Inês Pedrosa.

18h05: É um pouco como o eterno retorno modificado. E no momento em que nos sentamos a escrever são as palavras dos escritores que já lemos. Às vezes n\ao sabemos se a ideia é nossa ou está a ser soprada por alguém que chegou antes. Precisamos sempre do que os outros disseram antes de nós.

18h04: Se formos para trás e pensarmos nos clássicos, Homero não foi buscar as suas intrigas do nada. Camões também não.

18h03: Todos nós falamos das mesmas coisas, do amor, articulado com a morte, da vida, dos nossos mundos, medos, alegrias, tristezas. Que são as da humanidade. Já tudo foi dito. A nossa única solução é dizer tudo de outra maneira.

18h03: quem sou eu para pensar que em algum momento da minha escrita podia ser original e superar os cânones? Bloom fala da angústia da influência. Apetece-me falar da oportunidade da influência.

18h02: Mesmo que o escritor se isole numa torre do fim do mundo, será sempre influenciado. Todos nos apropriámos do que outros disseram e escreveram.

18h01: Um escritor transfigura a realidade, transmuta e modifica as leituras que outros fizeram por ele.

18h00: Agradecimentos. Falar deste Festival faz-me lembrar uma frase de Ernesto Rodrigues que dizia "nascido num mar de pedra faz-me bem ver o mar". É bom termos por perto pessoas que só conhecemos dos livros.

17h58: Cinco mesas, cinco moderadores com abordagens muito diferentes. Nesta, quase um ensaio sobre a literatura infantil e originalidade. Neste campo temos sido originais, diz o moderador. E passa a seguir uma ordem de distância geográfica. Começa Graça Alves.

17h56: Não são só os contos tradicionais que têm ideias que queremos ver ultrapassados.

17h54:



15h52: O moderador contextualiza o tema, focando-se sobretudo na literatura infantil.

17h52: Ideias fortes: Como andamos a escrever o mesmo que os clássicos. Será a originalidade um valor sobrestimado? Na era da inovação obrigatória, a literatura tem sido capaz de se reinventar ou está cada vez mais repetitiva?

17h49: A organização explica que Francisco José Viegas não pode estar presente e lê um pequeno texto. que o Secretário de Estado da Cultura enviou.

17h48: Tema: Éramos originais e não sabíamos, com Graça Alves, José Mário Silva, Karla Suárez e moderação de Francisco Fernandes.

17h47: Terminada a sessão de lançamento do livro de Honoré de Balzac, traduzido por José Viale Moutinho, seguimos para a quinta e última mesa.

No comments:

Post a Comment