Thursday, March 15, 2012

Festival Literário da Madeira 2012 arranca hoje



O universo de Agustina Bessa Luís é o tema da conferência de abertura do Festival Literário da Madeira, cuja segunda edição decorre a partir de hoje, quinta-feira, 15, até domingo, 18, numa organização conjunta da Booktailors - Consultores Editoriais e da editora Nova Delphi. Os romances e as referências da escritora, Prémio Camões em 2004, serão revisitados por Inês Pedrosa, a partir das 18 e 30, no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal, onde decorrerá o encontro, que reúne 23 autores portugueses, espanhóis, cubanos, italianos, norte-americanos e chineses. “Nasci adulta e morrerei criança” é o ponto de partida para esta viagem conduzida pela diretora da Casa Fernando Pessoa, com paragem obrigatória pelo romance A Corte do Norte, passado justamente na ilha da Madeira. 
Fernando Pessoa é, por sua vez, o mote para as cinco mesas redondas que se realizam nos restantes dias do Festival. É seu o verso que será glosado sobre diversas perspetivas e que surge logo na primeira mesa, a 16 de março, às 18 horas: Éramos felizes e não sabíamos. Aqui pretende-se saber “como a troika influenciou os nossos dias”, questionando até que ponto a atual conjuntura económica vai redefinir a criação literária em Portugal ou se os cortes nas finanças dos portugueses conduzirão a uma maior iliteracia. Inês Pedrosa, José Manuel Fajardo, Patrícia Reis, Pedro Vieira e Rui Nepomuceno são os escritores convocados para esta reflexão.
As mesas-redondas regressam no dia seguinte, 17. Às 10 da manhã, com Éramos poors e não sabíamos, para perceber, na companhia de Afonso Cruz, Ana Margarida Falcão, Eduardo Pitta e Júlio Magalhães, “como é que a crítica literária (não) influencia os leitores e se com pouco espaço na imprensa, com a queda de vendas dos jornais, será que os críticos ainda funcionam como agências de notação literária?”. Às 11 e 45, é a vez de Barry Wallenstein, Fernando Pinto do Amaral, Francesco Benozzo, Jaime Rocha, João Carlos Abreu e Yang Lian falarem a propósito da ideia Éramos violentos e não sabíamos, que tem o seguinte guião: Como a poesia pode mudar a nossa vida? Desaparecida das livrarias, será que a poesia ainda é o que era ou já não somos um país de poetas? Que qualidade tem a poesia no país dos poetas sem qualidades?”
Da parte da tarde, às 15 e 30, a mesa Éramos piegas e não sabíamos reúne Joel Neto, Manuela Ribeiro, Paulo Sérgio BEJu e Valter Hugo Mãe para discutirem de que forma “a lamechice influenciou a nossa literatura, se somos um povo de escritores e romances piegas, se a lamúria afadistada sempre encontrou terreno fértil na literatura ou se os nossos heróis sofrem e choram muito?” E, às 17 e 30, Francisco José Viegas, Graça Alves, José Mário Silva e Karla Suárez debruçam-se sobre os clássicos, a inovação, a reinvenção e a repetição em Éramos originais e não sabíamos.
A par destas mesas-redondas, o Festival Literário da Madeira inclui no seu programa cinco visitas às escolas da Madeira (Bispo D. Manuel Ferreira Cabral, Francisco Franco, Carmo, Calheta e Gonçalves Zarco) e à sua Universidade. Na noite de 16 de Março, às 21 e 30, realiza-se, também no Teatro Baltazar Dias, uma sessão de música e poesia coordenada por Donatella Bisutti e com performances de Barry Wallenstein, Francesco Benozzo, Massimo Cavalli e Yang Lian.
“Pôr os madeirenses em contacto direto com alguns dos principais escritores nacionais e estrangeiros” é um dos objetivos principais do Festival Literário da Madeira que, num ano de dificuldades financeiras, quer “troikar as voltas à crise”. Para isso, procurará “dinamizar a economia local e evidenciar o arquipélago da Madeira como destino cultural”, ao mesmo tempo que se afirma este encontro como “uma das referências do calendário editorial português”.

No comments:

Post a Comment