O universo de Agustina Bessa Luís é o tema da conferência de abertura do
Festival Literário da Madeira, cuja segunda edição decorre a partir de hoje, quinta-feira, 15, até domingo, 18, numa organização conjunta da Booktailors - Consultores Editoriais
e da editora Nova Delphi. Os romances e as referências da escritora, Prémio
Camões em 2004, serão revisitados por Inês Pedrosa, a partir das 18 e 30, no Teatro
Municipal Baltazar Dias, no Funchal, onde decorrerá o encontro, que reúne 23
autores portugueses, espanhóis, cubanos, italianos, norte-americanos e
chineses. “Nasci adulta e morrerei criança” é o ponto de partida para esta
viagem conduzida pela diretora da Casa Fernando Pessoa, com paragem obrigatória
pelo romance A Corte do Norte, passado justamente na ilha da Madeira.
Fernando Pessoa é, por sua vez, o mote para as cinco mesas redondas que se
realizam nos restantes dias do Festival. É seu o verso que será glosado sobre
diversas perspetivas e que surge logo na primeira mesa, a 16 de março, às 18
horas: Éramos felizes e não sabíamos. Aqui pretende-se saber “como a troika
influenciou os nossos dias”, questionando até que ponto a atual conjuntura
económica vai redefinir a criação literária em Portugal ou se os cortes nas
finanças dos portugueses conduzirão a uma maior iliteracia. Inês Pedrosa, José
Manuel Fajardo, Patrícia Reis, Pedro Vieira
e Rui Nepomuceno são os escritores convocados para esta reflexão.
As mesas-redondas regressam no dia seguinte, 17. Às 10 da manhã, com Éramos
poors e não sabíamos, para perceber, na companhia de Afonso Cruz, Ana Margarida
Falcão, Eduardo Pitta e Júlio Magalhães, “como é que a crítica literária (não)
influencia os leitores e se com pouco espaço na imprensa, com a queda de vendas
dos jornais, será que os críticos ainda funcionam como agências de notação
literária?”. Às 11 e 45, é a vez de Barry Wallenstein, Fernando Pinto do Amaral,
Francesco Benozzo, Jaime Rocha, João Carlos Abreu e Yang Lian falarem a
propósito da ideia Éramos violentos e não sabíamos, que tem o seguinte guião:
Como a poesia pode mudar a nossa vida? Desaparecida das livrarias, será que a
poesia ainda é o que era ou já não somos um país de poetas? Que qualidade tem a
poesia no país dos poetas sem qualidades?”
Da parte da tarde, às 15 e 30, a mesa Éramos pi egas
e não sabíamos reúne Joel Neto, Manuela Ribeiro, Paulo Sérgio BEJu e Valter
Hugo Mãe para discutirem de que forma “a lamechice influenciou a nossa
literatura, se somos um povo de escritores e romances pi egas,
se a lamúria afadistada sempre encontrou terreno fértil na literatura ou se os
nossos heróis sofrem e choram muito?” E, às 17 e 30, Francisco José Viegas,
Graça Alves, José Mário Silva e
Karla Suárez debruçam-se sobre os clássicos, a inovação, a reinvenção e a
repetição em Éramos originais e não sabíamos.
A par destas mesas-redondas, o Festival Literário da Madeira inclui no seu
programa cinco visitas às escolas da Madeira (Bispo D. Manuel Ferreira Cabral,
Francisco Franco, Carmo, Calheta e Gonçalves Zarco) e à sua Universidade. Na
noite de 16 de Março, às 21 e 30, realiza-se, também no Teatro Baltazar Dias,
uma sessão de música e poesia coordenada por Donatella Bisutti e com
performances de Barry Wallenstein, Francesco Benozzo, Massimo Cavalli e Yang
Lian.
“Pôr os madeirenses em contacto direto com alguns dos principais escritores
nacionais e estrangeiros” é um dos objetivos principais do Festival Literário
da Madeira que, num ano de dificuldades financeiras, quer “troikar as voltas à
crise”. Para isso, procurará “dinamizar a economia local e evidenciar o
arquipélago da Madeira como destino cultural”, ao mesmo tempo que se afirma
este encontro como “uma das referências do calendário editorial português”.
No comments:
Post a Comment